Investigaremos maneiras práticas de alterar nossa percepção sensorial, desafiando normas sociais e noções de “realidade”. O foco será a criação de experimentos para a reconfiguração dos sentidos, individuais e coletivos. O conceito de "transgressão" servirá como fio condutor, provocando-nos a pensar maneiras pelas quais a arte pode estranhar o mundo, perturbando categorias e comportamentos. Um corpo, ao não se identificar apenas como humano, desafia os estatutos sociais por meio do deslocamento dos sentidos e da linguagem. Um corpo pode se tornar outras coisas e seres e, assim, colocar o mundo em estado de delírio e risco, criando suas próprias regras.
Algumas questões a serem exploradas:
- O corpo como travessia
Descobriremos como tempo, espaço e identidade podem ser alterados por meio de ações e práticas corporais. Que limites ainda podem ser ultrapassados quando já vivemos uma vida cotidiana de condições insuportáveis (predação e exploração do ambiente e dos corpos). Como entender os limites da sociedade e do corpo e usá-los como material de trabalho. Quais limites são realmente reais?
- Poéticas escatológicas
O abjeto viola os padrões estéticos ao mesmo tempo em que fascina pela potência de seu estado bruto. Classificar o desvio como patologia é retirar dele sua força contestadora. Que estratégias de confronto, comunicação e ruptura o/a artista pode construir ao lidar com essa questão? O que provoca o choque dos sentidos e por quê? Que ações e situações colocam em risco os padrões da civilização e a ideia de humanidade?
- O trânsito entre as linguagens
A arte da performance contaminou todos os campos da arte, da comunicação e do entretenimento. Isso demonstra sua força ou anuncia seu fracasso? Em que a arte da performance ainda nos desafia? Como se abrir para a promiscuidade de formas e sentidos? O que atravessa e impulsiona um/uma artista no momento de configurar as interfaces de seu trabalho?
- Experimentos com materiais
Como estabelecer relações com diferentes materiais e se deixar transformar por eles? O que os materiais nos ensinam e a que eles nos convidam?
Pesquisaremos de forma prática modos de ampliar a percepção sensorial e ativar estados corporais extracotidianos, que possam ser performados. Por meio de diferentes propostas – como expansão físico-energética, meditações, práticas respiratórias e vocais, uso de imagens e textos – buscaremos estimular e perceber como o corpo pode transitar por diferentes estados de presença, criando novas relações com o tempo e o espaço. Como tornar o corpo mais poroso, potente, sensível e aberto a possibilidades desconhecidas. Como ampliar os sentidos em busca de uma linguagem própria, que diga respeito à individualidade de cada performer. Será uma breve jornada que percorreremos juntos, com o objetivo de investigar nosso sistema mente-corpo em ação performática.
Carga horária: variável.
Limite de pessoas: 20.
Público-alvo: artistas, estudantes e qualquer pessoa interessada na arte da performance.
Este trabalho é voltado a uma única pessoa, para um aprofundamento que não é possível em grupo ou durante um workshop de algumas horas. Por isso, é formatado como uma jornada pessoal, uma imersão com duração de uma semana. Você vai passar esse tempo hospedado em meu estúdio e vamos desenvolver juntos um trabalho intenso e contínuo. Serão trabalhados aspectos de sua mitologia pessoal e conteúdos físico-emocionais, meditações, práticas de movimento e de criação. Essa investigação é voltada para a exploração de sua criação artística, ampliação da percepção, estruturação de uma linguagem pessoal e entendimento de suas potencialidades como artista.
Público-alvo: artistas, estudantes de arte e pessoas interessadas em se desenvolver criativamente.