Maikon K vive na cidade de Curitiba, no Brasil. Seu trabalho transita entre a performance, a dança e o teatro. Iniciou sua trajetória nas Artes Cênicas e formou-se em Ciências Sociais (com ênfase em Antropologia do Teatro). Há 15 anos pesquisa meios de alterar a consciência através de práticas corporais e ritos ancestrais. O foco de sua pesquisa é o corpo e sua capacidade de alterar percepções. Sua obra tem influência de práticas xamânicas; nela o performer constrói diversas realidades através de técnicas corporais específicas, por meio de canção, som não verbal, dança, signos visuais e atividades ritualizadas. Interessam-lhe os estados da consciência, humor sombrio, a relação sagrado-profano, sexualidade, intensidades, o grotesco, provocar rituais, testar sensibilidades.
Ser artista é não ter outra escolha.
É fazer da impotência um vulcão que se derrama. Pelo prazer de derramar-se.
Autópsia num corpo que respira. Abrir esse corpo e ver: a engrenagem funcionando. Mudar os órgãos de lugar.
Desconfiar e crer. Os músculos, o suor, o amor sangrando.
É um buraco de minhoca. Sem volta.
É uma bijuteria velha. É nada.
Criar mundos de dejetos e preciosidades.
É físico, por isso metafísico. Vulgar e inoperante.
Volátil e insistente. É sufocante.
É perseguir a morte. Esfaquear o último momento.
Lamber o chão com paciência. É finalmente gozo.
É enganar limites.
À beira do abismo, abandonar uma pedra. Ser a pedra. Ser a cabeça que recebe a pedra.
Brincar com as próprias tripas.
Ridículo. Sem culpa.
Saborear a decrepitude.
Nem loucura. Nem realidade.
É nunca um pássaro, nunca uma baleia, nunca uma formiga. Por um instante, humano.
É uma imagem que nunca se completa.